BRASILEIRO
POR OPCAO-XVII
José Augusto de Castro e Costa
Em Xapuri as autoridades bolivianas
não eram muitas e estavam alojadas em três casas: na Intendencia, onde residia
o próprio Intendente, Dom Juan de Dios Bulientes, na de Alfredo Pires e na de
Augusto Nunes, português, colaborador dos bolivianos.
Ao saltar em terra, Plácido de
Castro dividira a pequena força de 33 homens em três grupos, para atacar
simultaneamente as três casas, reservando para ele a do centro, onde funcionara
a Intendência.
Penetrando onde achara-se o Intendente, de lá, em
silêncio, retiraram algumas carabinas e
dois cunhetes de balas, para em seguida chamar o comandante em alto brado, o qual, ainda
sonolento respondera: “Es temprano para la fiesta”, ao que Plácido, elevando o
tom, retorquiu: “Não festa, Sr.
Intendente, é revolução”.
Levantaram-se, sobressaltados , o
Intendente e os seus comandados.
Deixando-os sob guarda, Plácido dirigira-se
à casa de Augusto Nunes, onde Moreira nada houvera feito. Ali todos foram presos, enquanto o coronel Galdino já viera da casa de Alfredo Pires, escoltando vários bolivianos,
caracterizando-se assim, o inicio da revolução acreana.
Neste mesmo dia 6 de agosto
continuaram a reunir gente, verificando o Caudilho que alguns proprietários
prometiam tudo, mas em verdade mostravam-se receosos. O coronel Jose Galdino era quem agia com mais
desassombro, sem parcimônia.
Plácido convocara uma reunião para
a madrugada seguinte, a qual se realizara conforme esperado. Nela expusera as
razões que determinaram a revolução
e ouvira a eloquência das palavras dos
senhores Dr. Albino dos Santos Pereira,
Gastão de Oliveira e Manfredo Álvares
Affonso.
Em seguida o Caudilho convidara os presentes a proclamar
a independência do Acre, com o nome de Estado Independente do Acre, e sugerira
o ato simbólico de ser hasteada a bandeira ao som da Marcha Batida,
pois já havia um corneteiro entre eles, fato que todos reverenciaram, tirando o
chapéu respeitosamente.
Foi lavrada uma Ata, da qual Plácido
de Castro mandara extrair várias cópias, para serem distribuídas rio abaixo,
imediatamente, enviando uma ao Delegado boliviano, em Puerto Alonso, a fim de
que, se alguém fraquejasse, não pudesse recuar, visto de haver
comprometido com a assinatura
no documento.
Os prisioneiros bolivianos foram
expulsos do território via Iaco,
enquanto Plácido descia o rio Acre a frente de 64 homens, ficando o coronel Galdino
no comando da guarnição de Xapurí, que se
compusera de cerca de 150 homens, e com
ordem de recrutar quantos fossem necessário.
Ao embarcar com seu grupo para
descer o rio, Plácido tomara conhecimento de que um judeu-francês, estabelecido na região, estaria fazendo reuniões ocultas, com o fim de
sufocar a revolução, talvez não
acreditando que o movimento triunfasse.
Ato continuo, Plácido mandara
prender esse estrangeiro, levando-o em sua companhia, na sua própria canoa.
No terceiro dia de viagem, o
Caudilho recebera um recado que lhe
enviara o coronel João do Monte, comunicando que o batalhão boliviano já
haveria chegado em “Capatará”, com grande numero de efetivo.
Continuando a marcha, chegaram ao seringal “Itu”, de onde Plácido
mandara reconhecimentos a “Capatará”, por água e por terra, recebendo, em
seguida, a informação de que a noticia era falsa, pois
ainda não se soubera nada sobre o batalhão boliviano ali esperado. Era final de
agosto quando a tropa revolucionária chegara
a “Capatará”, pela manhã, partindo em
seguida para “Benfica”, onde o Caudilho soubera que, com
sua demora, em vista de forte impaludismo, muitos companheiros haviam fugido,
dando crédito ao boato sobre sua morte, enquanto outros seriam presos pelos bolivianos, que já possuiriam conhecimento da revolução.
Entre os dias 1 e 7 de setembro, no
seringal “Liberdade”, Plácido de Castro ocupara-se em convocar os vizinhos e em
reunir muita gente. Segundo ele, muitos foram
agarrados, já em fuga, pelo pavor que lhes haveriam causado a prisão
e a fuga de seus chefes.
Continuando a marcha revolucionária,
Plácido chegara a “Caquetá”, ali encontrando seu conterrâneo Gentil Norberto, o
qual viera informar-lhe que trouxera de Manaus 120
Winchesters, 100 encapados de farinha e 12 cunhetes de balas, de vez que fora encarregado pelo
governo do Amazonas de fazer guerra no Acre, demonstrando, ao Caudilho, não
possuir a mínima noção sobre coisas
militares, muito menos bélicas.
Logo a seguir apresenta-se o Sr. Rodrigo de Carvalho, que se dissera com a mesma
incumbência do governo amazonense. Notara-se ser público o desentendimento dos dois, passando os dias em
implicância mútua, em discussões estéreis
e em troca de insultos e inculpabilidades.
Prosseguindo viagem Plácido passara
pelos seringais “Bagaço”e “Liberdade”,
preparando-se para atingir a Empresa, quando, ao romper do dia 18 de setembro, as 5:30 horas, foram surpreendidos,em cheio, no campo da
“Volta da Empresa”, pela primeira
descarga de balas, a céu aberto. A tropa acreana, estupefata, reagira como
pudera, em tiroteio intenso.
Extinta a munição, a derrota pronunciara-se pelos revolucionários, a despeito
do esforço despreendido para
evitar o desastre.
A
estreia dos acreanos em campo de batalha contabilizara baixa de 22 mortos, dez feridos e 6 evadidos.
O inimigo, não obstante achar-se
munido de fuzil, também tivera suas arranhaduras, constante de 10 mortos,
inclusive um capitão, e 8 feridos. Mesmo em numero superior, os bolivianos não efetuaram perseguição aos brasileiros.
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