GOVERNADOR ANIBAL
MIRANDA –
José Augusto de Castro e Costa
Com o fim de habilitar-se a
lançar sua candidatura para Deputado Federal pelo recém criado Estado, o Dr.
José Ruy da Silveira Lino pediu exoneração do cargo de chefe do executivo
acreano. Para substituí-lo e ao Secretário Geral, Prof. Geraldo Gurgel de
Mesquita, foram indicados, respectivamente, os senhores Aníbal Miranda Ferreira
da Silva e Milton Matos Rocha, cuja solenidade de transmissão de encargos realizara-se
a 6 de julho de 1962, ao apagar das luzes, data máxima para a
desincompatibilização necessária à candidatura de quem exercia cargos públicos.
Tal estratégia fora utilizada pelo governador Ruy Lino, para que o novel estado
permanecesse nas mãos do PTB,pois, se se exonerasse antes, o governo ficaria
com o PSD, como objetivava o então Secretário Geral , Geraldo Mesquita, também
aspirante a cargo eletivo.
O PTB, na época, era um tronco confluente
de duas correntes, navegava em duas vertentes: Oscar Passos e Adalberto Sena.
Para que a chapa para governador, com o nome de José Augusto tivesse a
aceitação majoritária do partido, Adalberto Sena teve muito trabalho para exercitar
seu poder de persuasão junto aos petebistas descontentes, entre os quais
sobressaia-se justamente Aníbal Miranda.
Logo de início o governador
Aníbal Miranda procurou não descuidar-se de dar solução aos problemas da
administração, quer na capital, quer no interior, fazendo com que o plano
iniciado pelo seu antecessor, Ruy Lino, não viesse a sofrer solução de
continuidade.
Uma das primeiras preocupações do
governador Aníbal Miranda fora referente à verba destinada ao pagamento do
funcionalismo, objeto da lei que
concedera novo aumento.
A propósito, o mandatário acreano
mantinha, diuturnamente, contato com a Representação do Acre, na então capital
da Guanabara, enquanto, em Rio Branco, a Seção do Pessoal do Departamento de
Administração, providenciava a confecção das respectivas folhas de pagamento.
Mais adiante, o governador Aníbal
recebera mensagem telegráfica do Dr. Parkinson, Diretor de Obras da Cia.
Siderúrgica nacional, dando conta da
elaboração do Contrato com a firma MARTINS FERREIRA S.A., com vistas à
construção da ponte “Juscelino Kubitschek”.
De salientar, uma marcante
conquista – o Enquadramento do Funcionalismo do Acre. Quando no exercício do
governo acreano, Ruy Lino entendeu precípuo o dever de lutar por tão necessária
causa. Armou-se da coragem resoluta que sempre o caracterizou, e enfrentou a
batalha, já muitas vezes deixada em meio. Conseguiu uma comissão do
Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) para a colheita de
dados imprescindíveis. Persuadiu o deputado Oscar Passos a emprestar sua inestimável
colaboração à causa e, brevemente, o Decreto chegara às mãos do presidente João
Goulart para a devida sanção. Já encaminhava-se para o “referendum” do Primeiro
Ministro quando deu-se a transformação do sistema de Território a Estado
autônomo e Ruy Lino cedera lugar à
Aníbal Miranda, que conseguiu que o trabalho chegasse a seu termo.
No governo Aníbal Miranda, o
tocante a assistência social, filantropia e demais atividades sociais, estivera
a cargo da Primeira Dama, Dalva Vasconcelos Silva, que não poupara esforços
para levá-las a efeito, produzindo visitas aos abrigos e educandários, reuniões
sociais, pequenos festivais alusivos a data e a cultura dos povos e desfiles de
modas e costumes.
Desfile de costumes das nações,
realizado na esplanada do Palácio do Governo
Entre as principais realizações do governo
Aníbal Miranda pode-se enumerar a Construção de barragens para a reserva de
água para as Colônias Plácido de Castro e Bela Vista, o Aparelhamento do
Frigorífico do Estado, a Instalação da Telefônica do Acre (TASA), a cargo da
Ericson do Brasil S.A., e Convênios com a SPVEA para a instalação da usina e
distribuição de energia de Cruzeiro do Sul e instalação de geradores em Sena
Madureira.
Ressalte-se que o governador
Aníbal Miranda, ao assumir em período eleitoral, conduziu o Acre num clima
pacífico e de segurança, garantindo, ao eleitor, decisão livre do seu voto.
Ninguém pode esquecer a grandeza
humana e a significação que teve o trabalho iniciado por Ruy Lino, impulsionado
pelo deputado Oscar Passos e concluído por Aníbal Miranda Ferreira da Silva.
Entre suas grandes atuações
destaca-se, sem dúvida, a obra que no reconhecimento do funcionalismo e do
operariado do Acre ficará perpetuada, com gratidão e respeito, marcando sua
passagem pelo governo acreano.
O dr. Aníbal Miranda, na verdade,
soube honrar e dignificar quantas funções foram-lhe atribuídas no Território do
Acre, tendo inclusive chefiado o antigo Departamento de Produção e representado
o Acre junto à Superintendência da Produção e Valorização Econômica da Amazônia,
alcançando os mais benéficos resultados. Sua capacidade administrativa
aliava-se à sua integridade moral.
Quando, por força constitucional,
Rio Branco tivera que eleger seu prefeito, fora o nome do Dr. Aníbal lançado, e
então o governador José Augusto de Araújo vira chegar sua vez de manifestar-se,
veementemente, contrário à indicação. Resistira, energicamente para, enfim,
aceitar contra sua vontade, a candidatura e consequente eleição do primeiro
prefeito eleito de Rio Branco, Aníbal Miranda Ferreira da Silva.
Foi o Dr. Aníbal Miranda um
amazonense que se distinguira fora do seu estado natal, emprestando o valor de
sua moral e de sua intelectualidade ao progresso de outra terra e de outras
gentes, irmãos de lutas e de ideais.
Isento de paixões, colocando
acima de tudo a livre opinião dos seus jurisdicionados, o governador Aníbal
Miranda deu sábio exemplo da posição de um homem do Governo, cônscio das mesmas
responsabilidades que lhe foram dadas. Em meio ao entrevero das competições
políticas que agitavam os estados brasileiros, o governador Aníbal Miranda
permanecera surdo ao cântico das sereias que tentavam afastá-lo da rota que
traçou, para levar a porto seguro a nau governamental do Acre, através dos
temporais das pugnas eleitorais.
Não há como deixar de admirar-se
o alto descortineo político do governador Aníbal Miranda e reconhecer-se,
especialmente,a sua sólida formação democrática. Dotes até então desconhecidos
do povo acreano e que vieram à tona pela perspicácia do governador José Ruy da
Silveira Lino.